26 February 2006


Caminhos por onde viajo...

È uma casa portuguesa!

Riacho...

Encontrei verde no meio do branco,

Silêncio absoluto
Os Tagarelas,

Ontem, isto é sexta-feira, regressei ao Minho, a viagem correu lindamente, o motorista não parou em Esposende, não percebi muito bem porquê mas a verdade que é me livrei de andar as voltinhas pela nacional, o que sabe sempre bem. É claro que há sempre uma excepção à regra, neste caso é mais uma excepção ao lindamente, e quem anda de transportes públicos sabe muito bem do que estou a falar…Os Tagarelas…sim esses seres que quando menos esperamos lá aparecem para nos atormentar.
Para quem ainda não sabe estes seres andam de transportes públicos simplesmente com a intenção de tirar o sono a qualquer um! Mas o mais grave, são os efeitos secundários: terríveis dores de cabeça e a incapacidade de desligar da conversa.
Pois é meus amigos estes seres são autênticos mutantes, disfarçam-se de humanos para nos atacarem usualmente são idosos ou então jovens de meia idade, enganam-nos pela aparência muito simpáticos pergunta sempre se o lugar esta ocupado…e puff quando menos esperamos, lá se alapam, o autocarro pode estar completamente vazio mas eles fazem questão de se sentarem ao meu lado….ora toca a arrumar a tralha toda para arranjar lugar…pensando tratar-se de um ser normal, mas mal este se senta basta esperar uns segundos e eis que começa o inferno…oh não é um tagarela…mais uma vez fui enganada, como é que isto é possível?!
Sinceramente, ainda não percebi porque é que não há um fiscal que controle esta invasão, um fiscal não seja suficiente é necessário ir mais longe e atacar o cerne desta civilização...eles andam ai…temos que pensar num plano rápido e eficaz!
Aceitam-se sugestões, isto assim não pode continuar!

25 February 2006

Olhar,

A postagem está atrasada ou o relógio do blog adiantado...acredito em todas as hipoteses e ao mesmo tempo não acredito em nenhuma! Como disse Albert Einstein o tempo é relativo…por isso para mim hoje é dia Quarta-feira dia 22 Fevereiro...o dia está lindo e à semelhança de ontem continuam-me a faltar as palavras....não sei para onde foram!? Passam a correr pela minha mente a velocidade é tanta que não as consigo apanhar...Pego então no meu velho livrinho de Poesias e encontro...

.................................Ai não me peças cantos!
.................................O sentimento é mudo,
.................................Diga o silêncio tudo
.................................Quanto eu não sei cantar,
.................................Mas, se amas... se no peito
.................................Intima voz te fala,
.................................Tudo o que a lira cala
.................................Lerás n'um meu olhar.


..................................................Júlio Dinis, Novembro de 1859

Para quem eu olho,

18 February 2006

Porquê?!
Estou no Minho, hoje não vou para parte alguma e ao mesmo tempo vou a todas as partes, fico aqui sentada…a lareira é o meu rádio, não tenho phones por isso não consigo desligar a musica que vem da rua, as pingas do telhado caiem no peitoril da janela…parecem dedos a estalar uns mais graves outros mais agudos, mas volta e meia já nem os dedos sinto, tudo se transforma, o estalar mais parece uma pegada....pegadas de uma multidão que foge dos assobios do vento acompanhados de gritos monstruosos é o culminar da catástrofe.
A orquestra toca em fortíssimo...e eis que o maestro faz uma pausa inesperada, por momentos chega a desiludir a plateia, o silencio é profundo...
Consigo finalmente ouvir a lareira e só a lareira como se tivesse phones. Uma sensação de que o tempo parou apodera-se de mim…ao mesmo tempo fico sem tempo, tudo parece correr a uma velocidade excessiva não chego a ter tempo para pensar para tentar perceber o que se passa, nem sequer para fazer a típica pergunta, a pergunta mais pequena de sempre e ao mesmo tempo a mais usada…Porquê?! A pergunta não foi feita e a resposta não foi dada...
A orquestra volta a tocar desta vez em forte um forte que transcende o fortíssimo. Estranho! Algo novo se passa!? Olho pela janela é neve, não neve não é certamente porque a neve não canta assim.
Os dedos continuam a estalar cada vez mais rapido…acompanhados do estalar das pedras que quase perfuram o chão…por momentos o chão parece branco, mas os dedos não param de estalar, o vento sopra agora mais do que nunca, cada vez mais forte, o branco rapidamente desaparece, tudo é água, simplesmente água…água da chuva!
O Foco do palco desapareceu à muito tempo, mas alguém se lembrou de acender uns pequenos holofotes artificiais, entro assim no comboio para outra dimensão, a dimensão do artificialismo, do modernismo, a dimensão da sociedade em que vivemos…
O espectáculo continua, um grito possante e avassalador inunda o palco e nos transporta para a escuridão, para os velhos tempos. Acabamos de retroceder no tempo. Onde está o velho candeeiro a óleo?! Não está e o alguém não resolve o problema, o foco do palco à muito que desapareceu! Pela janela entra agora a escuridão…resta então esperar, esperar, esperar, e de que será a vida feita se não de esperar…esperar pela luz, esperar pela noticia que teima em chegar, esperar pelo comboio, esperar pelo próximo…e por muito que esperemos continuamos sempre a esperar…esperar
porquê?!
Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!

Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!

Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.

Fernando Pessoa